terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Do ato

Treze.

O número de pessoas que compareceu ao ato de domingo contra a morte do torcedor são-paulino pela polícia em Brasília.

Menos do que os que estavam na fila para o Museu do Futebol, no último dia da exposição sobre as “marcas do Rei”.

Menos do que o número de blogs que retransmitiram o chamado pra ação, que até notícia na Folha Online virou.

Menos até do que o próprio número de jogadores do Autônomos FC que compareceu ao habitual jogo do time aos sábados.

Desanimador, um fracasso, prova de que o futebol não tem a ver com política, diriam alguns.

Não para nós. 

Poucos, mas loucos.

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Que armaram a quadra, esperando a polícia aparecer para o jogo.

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Que distribuíram panfletos sobre o que se passava para os que apareceram pra conferir aquela agitação estranha.

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Que decretaram o W.O. da polícia depois de esperar mais de uma hora.

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E que disputaram uma partida ali mesmo, todos contra todos, sem muitas regras, como é o futebol de rua.

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Três corinthianos, três andreenses, dois juventinos, um santista, um flamenguista, dois portugueses e um torcedor do Ferroviário-CE, membro daResistência Coral.

Escalados como um time, um único time, autônomo e reivindicativo de uma liberdade cada vez mais tomada.

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Pouca gente? Um retrato do Brasil? Fosse a Argentina estariam milhares dehinchas pelas ruas?

Talvez.

Mas, se não se pode superestimar o que foi na verdade uma confraternização de amigos, também não se pode tirar mérito desses treze primeiros que saíram de suas casas em um domingo frio e com cara de chuva pra firmar presença em algo que julgam essencial para o futebol  e a sociedade.

Porque não se pode tirar leite de pedra, também.

Esperar milhares com 3 dias de agitação apenas e após o término das atividades futebolísticas oficiais seria um deslumbre.

Desvalorizar os treze que compareceram, um desdém.

O que podemos, e devemos, é tomar na medida certa este 14/12, como um ponto de partida para construir algo maior.

Porque já se disse que não começou em Seattle.

E não vai terminar em Atenas.

Política não tem nada a ver com o futebol?

Há controvérsias:

Torcida do Bayern München no jogo contra o Lyon pela UEFA Champions League em 10 de dezembro último

Torcida do Bayern München no jogo contra o Lyon pela UEFA Champions League em 10 de dezembro último

5 comentários:

Vidiball Oi! disse...

Oi! Pessoal, sou vidigal de BH, infelizmente não fiquei sabendo do ato, tava meio sumido da internet e tals, infelizmente não divulguei o ato de vcs, aque achei fantástico, não pude participar tb, me sinto um pouco culpado por nao ter feito nada para contribuir pelo ato, de fato fique sabendo do ocorrido no boca a boca, mas não tinha evidencias do fato com o torcedor são paulino, mas darei o meu apoio sempre, pois pra mim ou para nós futebol e política tem tudo a v. Prometo ficar atento aos próximos eventos e se possível irei aí participar, me desculpem por ter "furado" na hora do chutão, prometo pegar de primeira da próxima!

Grande abraço aos autonomos!
Vidigal Oi!

Guilherme disse...

Discordo quanto a misturar o que ocorreu em Brasilia com os incidentes de Atenas. Compreendo a atitude de vocês, a criação da figura do mártir é fácil e não requer muita coisa.

A situação em Atenas foi (e está sendo) muuuuito diferente.

Abraço e DÁ-LHE GRÊMIO!!!

mandiócrates disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
mandiócrates disse...

Guillermo,

ninguém está misturando nada.

A luta contra a repressão policial é uma só. As situações podem ser diferentes, mas se originam na mesma relação social de poder e repressão.

Quanto aos "mártires", nada tem a ver. O ato do dia 14/12 não era apenas pela morte de Nilton, e sim contra a militarização do esporte, como se podia ler no chamado. Não usamos a imagem ou ele como herói de nada, apenas mais uma vítima.

Anônimo disse...

movimento libertário para as ruas, como na grécia. fim ao porcos fardados!